
O aumento do desemprego, da insegurança alimentar e da pobreza, segundo a professora Thaís Imperatori, certamente terá efeitos na educação, especialmente na assistência estudantil.
Créditos: Campus Multiplataforma
A assistência estudantil, segundo Imperatori, é de extrema importância, especialmente como medida que garanta a permanência e a democratização da educação superior. No entanto, ela explica que tais políticas vão além da concessão de bolsas. “O Decreto 7234/2010, que estabelece o Programa Nacional de Assistência Estudantil, define várias áreas de ação”, conta. “Para além de moradia e alimentação, temos inclusão digital, transporte, cultura.”
Durante a pandemia, devido à impossibilidade de acesso ao Restaurante Universitário pelos estudantes em vulnerabilidade social, foi criado o auxílio alimentação emergencial. A modalidade, segundo o graduando em geografia e coordenador da Central de Assistência Estudantil (Caes), Bruno Kaito, foi construída pelo diálogo da Caes e de outros coletivos do movimento estudantil com a instituição.
A atenção aos estudantes periféricos e em vulnerabilidade socioeconômica, para Kaito e conforme entendimento do movimento estudantil, deve ser a prioridade na gestão universitária. “A gente sabe que essa briga é muito maior, pois ela se trata do desmonte da educação pública, ela se trata sobre a PEC do teto de gastos [que se tornou EC 95], ela se trata sobre a conjuntura nacional desse governo federal que é o governo titular da cesta básica mais cara de todos os tempos”, Kaito afirma. “Por mais que tenha existido um empenho da administração superior em dar voz e dar espaço para as organizações estudantis, principalmente para a assistência estudantil, como se viu muito bem ao longo do último ano e desse ano nos espaços do fórum estudantil, nesse momento eles tentaram empurrar uma decisão sobre algo que atinge diretamente a vida da comunidade, que é o preço do Restaurante Universitário, é a retomada do calendário presencial e, principalmente, a extinção de um auxílio tão importante para mantimento dos estudantes de uma situação digna para continuar as suas atividades acadêmicas”, completa, em referência ao auxílio alimentação emergencial.
A continuação de pagamentos do auxílio, portanto, é incerta e tem sido discutida em assembleias promovidas pela coordenação da Caes, que no início de outubro se reuniu com a Administração Superior da universidade para tratar do assunto. Em 21 de setembro deste ano, a central elaborou uma carta aberta, encaminhada à Administração Central da UnB, onde afirma que “a gratuidade no RU sempre foi problematizada pelos estudantes, pois a dependência das estruturas da universidade para se alimentar limita os estudantes que não moram na região central a se beneficiarem plenamente com o auxílio, gerando várias crises e vulnerabilidade entre a comunidade estudantil”.
Ao ser questionada pela reportagem sobre a continuidade do auxílio alimentação emergencial, a UnB informou que esta é uma modalidade provisória de assistência estudantil. O Restaurante Universitário,
segundo nota enviada ao Campus Multiplataforma, “iniciou seu processo de reabertura em setembro de 2021, com previsão de ampliação de atendimento, conforme o plano de retomada aprovado pelo CCAR [Comitê de Coordenação das Ações de Recuperação]”.
Atualmente, apenas os estudantes que vivem nos alojamentos da instituição têm acesso aos refeitórios, mas a universidade afirma que, “a partir do dia 1° de novembro, os estudantes do Programa Moradia Modalidade Pecúnia estarão com acesso ao RU”. A modalidade citada consiste no pagamento mensal de bolsas no valor de R$ 530, na tentativa de suprir gastos com moradia de alunos vindos de outros estados.
O acesso desses estudantes ao restaurante, no entanto, será condicionado ao recadastramento, que deve ser feito pelo SIGAA, conforme
edital 010/2021. Terão a solicitação aprovada, segundo o item 1.6 do edital, todos que tiverem avaliação socioeconômica prévia realizada pela DDS, com renda familiar de até 1,5 salários mínimos por pessoa. O acesso às refeições será concedido em até 5 dias úteis após a inscrição.